Em novembro do ano passado, o candidato
americano à presidência pelos democratas, Bernie Sanders, usou a Dinamarca como
exemplo de país socialista bem-sucedido em um de seus discursos. Disse que esse
era o modelo que gostaria de criar nos EUA, desconsiderando completamente o que
por lá funciona, além é claro, de esquecer as grandes diferenças geopolíticas
entre ambos os países. Algum tempo depois, o próprio primeiro ministro da
Dinamarca, Lars Rasmussen, resolveu corrigir Bernie dizendo que a Dinamarca tem
uma economia de mercado.
Um lugar comum nos debates sobre
desenvolvimento consiste em identificar os países nórdicos – Islândia, Noruega,
Dinamarca, Suécia e Finlândia – como exemplos exitosos de economias
socialistas, cujos modelos deveriam ser reproduzidos em outras partes do mundo,
particularmente na América Latina.
O erro consiste em catalogar estas economias
como socialistas simplesmente porque contam com elevados níveis de gasto
público e altas carga tributárias. Se é verdade que estes países se notabilizam
por seus generosos Estados de Bem-Estar, a realidade é que em outras áreas de
política econômica se encontram entre as nações mais livres do planeta.
O Índice de Liberdade Econômica no Mundo,
projetado originalmente por um grupo de economistas liderados por Milton
Friedman e publicado anualmente pelo Fraser Institute do Canadá, identifica cinco
grandes áreas que determinam a liberdade econômica de um país:
1) Tamanho do Estado;
2) Sistema jurídico e direitos de propriedade;
3) Solidez da política monetária;
4) Liberdade de comércio internacional;
5) Regulações dos mercados de crédito,
trabalho e comércio.
Os países nórdicos são usualmente citados por
políticos e ativistas de esquerda como exemplos de um modelo econômico
socialista aplicado de forma bem sucedida. Tais países possuem altíssimos
níveis de qualidade de vida e desenvolvimento, o que seria consequência direta
de serviços estatais de qualidade viabilizados por uma alta carga tributária.
Será que Dinamarca, Suécia, Noruega e Finlândia adotam mesmo um paradigma
econômico-politico de viés socialista?
De forma clara e objetiva, não. O que há é
uma grande confusão entre a socialdemocracia e algo que é usualmente
referenciado como socialismo-democrático, mas que, na prática, não pode ser
observado na Escandinávia.
Em palestra recente na Universidade de
Harvard, o primeiro-ministro da Dinamarca Lars Rasmussen tentou explicar o
modelo nórdico para estudantes americanos fascinados pela campanha presidencial
de Bernie Sanders, que corriqueiramente aponta as nações escandinavas como a
prova da viabilidade do socialismo. Em suma, Rasmussen evidenciou que não há
qualquer planejamento da economia em seu país e que a Dinamarca é uma economia
de mercado, onde a livre iniciativa e o comércio são os carros-chefe do
desenvolvimento.
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